Archive for the ‘Diários de Viagem’ Category

La Paz – Bolívia, 25 de julho de 2006

Wednesday, March 21st, 2007

Chega o dia que tanto esperei, dia 20 de julho foi dia em que entramos dentro das minas de Potosí, mesmo sabendo que viríamos para esta cidade com o objetivo de ver todo o absurdo relatado nos livros de Eduardo Galeano e que agora sei que continua sendo feito até hoje. Desde que cheguei em Potosí senti um misto de medo e receio do que fosse ser visto por lá.

Logo cedo pegamos uma van na frente de nosso hotel e conhecemos Renán Velásquez Vallejo, quem iria nos guiar este dia, a partir desse momento tive certeza do que eu já imaginava, que de fato este nao seria nem de perto um passeio turístico. Renán é filho de um mineiro cujo pai faleceu aos 51 anos (idade já avancada para um trabalhador das minas, que geralmente depois que comecam a trabalhar tem uma expectativa de vida de 20 a 30 anos, devido ao acúmulo de arsenico nos pulmoes), e irmao de um chefe sindical do sindicato dos mineiros de Potosí, ele nos contou como os povos originários foram obrigados a trabalhar nas minas que fizeram de Potosí a ciodade mais rica do mundo durante mais de dois séculos e que sustentaram várias monarquias européias neste período.

Ficamos sabendo que os primeiros índigenas a entrar nestas minas se recusaram a trabalhar pois ouviram uma voz muito clara vindo de dentro da montanha para que nao retirassem a riqueza de lá de dentro pois aquilo seria útil para seus descendentes futuros, e como a Igreja Católica com a catequizacao contrubuiu com que os povos originários fossem arrastados a um estado de servidao.

Os sincretismos vistos entre a religiao Católica e o modo de vida indígena sao muitos, desde a entrada na mina pudemos ver que ali os trabalhadores fazem rituais toda a primeira sexta-feira do mes quando sao sacrificadas llamas e seu sangue e jogado na entrada da mina e oferecido a Deuses, eles dizem; “Damos o sangue das llamas para que a mina nao queira ficar com o nosso propio sangue…”, conhecemos a figura do “Tios” representado por uma estátua com chifres no interior da mina e que no período colonial tinha a funcao imposta pela Igreja de ser temido pelos trabalhadores que nao quisessem trabalhar e que depois do período colonial mudou de significado e tornou-se uma figura, que como até hoje é objeto para realizacao de oferendas em que se oferecem bebidas e cigarros para que o “Tios” deixe que a riqueza da mina seja extraída e que os ajude a encontrar boas veias de prata para serem extraídas.

A sensacao de entrar na mina de Santa Helena que ainda hoje está em processo de extracao ativo é assustadora, cada vez descemos mais fundo passando pelas passagens mais estreitas que podia imaginar, a falta de oxigenio e as explosoes de dinamites que ouvi a distancia foram apavorantes. Dentro da mina o único idioma falado pelos mineiros é o Quéchua e pude ajudar a tres deles a empurrar um carrinho com quatro toneladas de minério por uns cem metros. Ficamos duas horas dentro das minas e ao sair, durante o caminho de volta a cidade, notei um silencio angustiante por parte de todos os companheiros da visita.

Potosí – Bolívia, 19 de julho de 2006

Wednesday, March 21st, 2007

Finalmente entramos na incrível Bolívia, aqui o choque de percepcoes culturais se dá desde o primeiro minuto, muitas vezes nos deparamos com reacoes e situacoes que nos parecem inesperadas ou dificeis de compreender. A vinda até aqui foi tranquila desde a minha última atualizacao consegui mais duas caronas sozinho que me levaram até Tucumán onde peguei um onibus até Salta, pois a carona apartir daí se torna muito difícil, lá encontrei os outros os outros companheiros que já estavam preoculpados comigo. Lá conhecemos a agitadíssima noite salteña no sábado, (Diego a cada dia que passa diz que foi o melhor dia de sua vida)!

Encontramos alguns brasileiros e uma mexicana no caminho até a Bolívia (inclusive um deles é amigo do Érico lá da UFPR), seguimos juntos em grupo de 11 pessoas até a cidade de Uyuni. Chegando a Villazón fomos ao terminal de trem mas nao havia passagens para todos e após alguma negociacao conseguimos embarcar todos mas alguns tiveram que viajar de pé, a paisagem vista das janelas do trem é espetacular, desertos e vales repletos de cactos num fundo a perder de vista cortados por minúsculos povoados, que me fizeram lembrar muito os desertos relatados nos livros do Castañeda.

Termas de Río Hondo – Argentina, 15 de julho de 2006

Wednesday, March 21st, 2007

Nossa estada em Córdoba foi muito intensa, o que imaginávamos que seria apenas uma rota de passagem acabou se tornando um ponto de grande proveito para recolhimento de material para o Soylocoporti. Conhecemos muitas pessoas e tivemos muitas experiencias novas que em parte consolidaram minha visao da Argentina e por outro ado mostraram-me diferencas regionais que caracterizam esta que é a segunda maior cidade desse país, conforme muito que já havia lido em livros e revistas em relacao as disparidades regionais presentes na Argentina.

Também pudemos conhecer muito do lugar em que Ernesto “Che” Guevara viveu sua infancia, inclusive estive na rua em que ele viveu 12 anos e percebi como seu legado continua vivo no ideário deste povo, para se ter uma idéia tem um empresa de onibus aqui que tem a rosto do Che caracterizada em toda a sua frota. Visitamos a casa do argentino Hector Celano e de mulher, a cubana Norma Ortega, pessoas que viveram e presenciaram de perto a revolucao cubana e ate hoje lutam por um ideal socialista na sociedade, a casa deles fica logo em frente a uma das casas em que Che viveu sua infancia, e que hoje foi transformada em um misto de um pequeno museu revolucionário e um café para que os dois passam receber amigos e contar um pouco de suas experiencias de vida, tudo isso em um incrível ambiente familiar que acabaram nos rendendo exelentes entrevistas.

Ainda nesse dia, voltando ao centro de Córdoba tivemos a oportunidade de tomar uma cerveja com Juan Ferrero um senhor de 69 anos, primo de Chichina Ferrero a ex noiva de Che que foi muito retratada no filme “Diários de Motocicleta” quanto a isso ele comenta: “Mi prima todavia no era tan hermosa como en la película”, ele também nos contou como sua família mandava dinheiro à Cuba para financiar a revolucao de Fidel e Che e como o noivado de Chichina e Che foi rompido.

Saímos de Córdoba ontem pela tarde em direcao a Jesus Maria pois lá é a saída de caminhoes que vao para o Norte do pais, eu acabei por conseguindo uma carona sozinho com um casal que viajava para passar o fim de semana em Termas de Rio Hondo, desde entao nao tive mais noticias de meus companheiros de viajem, agora viajo sozinho e tento uma carona que me leve a Salta.

De agora em diante a influencia aborígene vai ficando cada vez mais forte na medida que seguimos para o Norte, espero entrar na Bolívia ainda esse final de semana.

Córdaba – Argentina, 10 de julho de 2006

Wednesday, March 21st, 2007

Acordamos às 04:00 da manha e prontamente saímos em direcao aos arredores de Buenos Aires onde buscaremos carona num posto de pedágio, pegamos dois onibus e dois trens gastando tres horas para sair da grande Buenos Aires, o tamanho e o contraste social presentes na periferia da cidade sao impressionantes.

Uma nova etapa da viajem se inicia iremos nos dividir em tres grupos para tentar a carona até Córdoba. Érico conseguiu por primeiro a carona, e foi sozinho em um carro até Córdoba, Nicolau e Amarelo embarcaram em uma Fiorino muito velha até Rosário e a última vez que vi eles foi num pedágio depois de Rosário pedindo carona, eu e Diego depois de algumas horas a mais conseguimos uma carona em um carro onde conhecemos Julio, um jovem motorista de taxi dos arredores de Buenos Aires e seu avo Dario, enquanto viajavamos Dario nos contou que tinha alguns familiares em Córdoba e estava indo para lá para uma festa de família e ia fazer surpresa a seus parentes pois fazia 28 anos que ele nao ia a Córdoba.

A viajem foi um pouco dura pois carregamos duas malas grandes no banco de trás junto a nós e paramos muitas vezes pois o carro em que viajavamos era muito velho e paravamos muito pois ele tinha um problema no abastecimento de combustível.

Buenos Aires – Argentina, 10 de julho de 2006

Wednesday, March 21st, 2007

Hoje os habitantes da casa comunitária nos fizeram “el almuerzo y la ceña” para nossa despedida e aproveitamos o dia para conhecer mais profundamente os moradores da casa e suas histórias. Já completamos uma semana de viagem e esses primeiros de viajem já deixaram muitas lembracas boas e Buenos Aires com certeza já ficou marcada em nossa memoria.

Deixamos para trás nosso hermano Pablo que nos forneceu uma exelente e eficiente hospedagem nessa semana, voltaremos a encontrá-lo em La Paz no dia 21 de julho onde iniciaremos as filmagens de nosso documentario.

Buenos Aires – Argentina, 08 de julho de 2006

Wednesday, March 21st, 2007

Depois uma grande noite de festa, pude perceber o verdadeiro espírito cosmopolita dessa cidade festejamos o aniversário de uma mexicana, colega de mestrado de Pablo, na festa haviam pessoas de Mexico, Argentina, Chile, Espanha e Estados Unidos todos residentes em Buenos Aires, tomamos muita tequila e dancamos muita musica cubana. Hoje o dia nao foi muito produtivo em virtude de precisarmos de um tempo extra para recuperar as energias e devido termos que ir atras de horarios e poassagens de trens para nossa saída de Buenos Aires na próxima segunda-feira.

Pela noite conhecemos uma cooperativa formada pela ocupaçao na maior fabrica de laminas de aço de Buenos Aires, chamada IMPA lá estava acontecendo um ensaio de um grupo de música indígena que nosso amigo Pablo faz parte. Mais tarde fomos a uma festa onde dancamos muita ¨Saya¨ música típica do norte da argentina, onde pude observar uma forte influencia dos povos originarios dentro de uma capital, na festa havia uma bandeira do povo Aymara enorme pendurada atrças do palco onde tocavam grupos com forte influencia da mçusica indçigena, mais uma vez fiquei impressionado com a valorizacao da cultura Quéchua e Ayamara mostrada pelos grupos apresentados e devido ao conteudo cultural das musicas.

Buenos Aires – Argentina, 06 de julho de 2006

Wednesday, March 21st, 2007

Hoje fizemos uma visita ao hospital psiquiatrico Dr. Borda trata-se de uma construcao de 1830 e que abriga um centro cultural impressionante repleto de obras feitas pelos pacientes que vivem ou fazem tratamento lá, o lugar é realmente impressionante por seu tamanho e quantidades de obras que possuem, coneversamos com alguns internos sobre as condicoes do lugar.

Conhecemos a Praza del Congresso e outros pontos historicos do centro de Buenos Aires a influencia européia é muito grande, e se pode notar que é uma cidade que possui outra concepcao de ser comparadas as outras capitais da America Latina que já conhecemos. Tenho estado muito impressionado com a quantidade de imigrantes bolivianos que habitam essa cidade, eles comecaram a chegar aqui a 10 anos e hoje já dominam setores da economia como bancas de frutas e verduras e estao organizados em formato de cooperativas, hj estima-se que Buenos Aires tenha de 500.000 a 1.000.000 de bolivianos sendo com certeza a cidade fora da Bolivia com o maior numero de bolivianos superando em numero capitais dentro da própia Bolivia como Cochabamba, nota-se que a cultura Aymara e Quéchua continua em grande profusao com a europeia devido a quantidade de centros culturais que existem na cidade, e que por sua vez organizam varias comemoracoes de dias festivos e oferendas indigenas aqui em Buenos Aires.

Buenos Aires – Argentina, 05 de julho de 2006

Wednesday, March 21st, 2007

Enfim depois de dois dias tranquilos de viajem chegamos Buenos Aires, encontramos com amigo Pablo que está nos fornecendo uma efetiva e alegre hospedagem na casa comunitária onde vive, que é um verdadeiro laboratório para seus estudos antropológicos devido a grande variade de pessoas que habitam a casa, esse dia ficamos a tarde inteira colocando a conversa em dia e vendo as fotos de sua ultima viajem em que esteve no Brasil.