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Extensão Universitária e Mudança de Estruturas Curriculares

Wednesday, July 25th, 2007

Os primeiros registros oficiais sobre Extensão Universitária nos remetem aos idos dos anos 30 quando se percebe um entendimento marcado por modalidades de curso, conferencia, e assistência técnica rural voltada ao progresso da ciência (por meio da pesquisa) e a transmissão do conhecimento, podendo perceber-se um distanciamento do saber popular bem como uma “dicotomia” entre o ensino, a pesquisa e a extensão.Já no início dos anos 60, surge uma nova modalidade de extensão promovida pelo Movimento Estudantil, que discutia os problemas político-ideológicos e a educação no contexto nacional contrapondo-se a práticas assistencialistas e esporádicas que encontravam desvinculadas do projeto acadêmico da universidade.

Porém com a instalação do Estado Autoritário nesta mesma década essas experiências foram interrompidas e em 1966 é criado o projeto Rondon, sob a tutela do Ministério do Interior, que tendo como objetivo colocar os estudantes a serviço do Estado por meio do voluntariado e tirando da Universidade o seu papel problematizador no âmbito das questões político-socias brasileiras, pretendeu-se cooptar os estudantes a aderir ao modelo desenvolvimentista e tecnicista implantado no país naquele momento, que em 1968 através da Lei 5.540, que tratou a Reforma Universitária, vinha a confirmar um caráter de cunho assistencialista, desvinculado a Extensão Universitária do ensino e da pesquisa.

Após esse período de trevas para a democracia nacional, com a Anistia em 1979 e o fortalecimento da sociedade civil na década de 80 a população deixa de ser percebida pela comunidade acadêmica como mera receptora de conhecimento e de práticas produzidas no interior da academia, voltando uma relação transformadora entre a Universidade e as demais instancias sociais, instrumentalizando um processo dialético teórico/prático.

Contudo a flexibilização curricular já tornava-se um tema de discussão, no tocante à inserção dos estágios curriculares como atividades extensionistas tendo como meta fundamental atingir a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão que ficou firmado no Artigo 207, da Constituição Brasileira, em 1988, porém que ao lado dos ideais neoliberais, bem como o seu fortalecimento nas décadas de 80 e 90, o processo de “modernização” administrativa universitária passa a basear-se em modelos de práticas gerenciais que buscam “aumentar” a qualidade e eficiência dos serviços prestados, deixando o Currículo limitado a uma “grade”, que passa a valorizar as disciplinas organizadas em regime seriado, imprimindo uma visão linear e rígida de formação adotando o sistema de créditos que fortaleceu um pensamento conservador, liberal, privilegiando a manutenção do status quo, evidenciado no condicionamento da mão-de-obra e fortalecendo o tecnicismo curricular.

A Flexibilização, no entanto, busca substituir a lógica tradicional de organização de currículos sendo necessário o entendimento de que tudo o que se faz ou se vivencia em uma instituição de ensino superior é Currículo, concebendo-o como um processo não linear e rotineiro, onde as disciplinas deixam de ser verdades acabadas a serem repassadas e retransmitidas, fazendo com que a Universidade seja pautada por paradigmas democráticos, transformadores e forçando a instituição uma revisão de seus processos de pesquisa, ensino e extensão valorizando os saberes do senso comum, confrontados criticamente com o próprio saber cientifico, levando em consideração a sua relevância social.

Gustavo Castro